Com o propósito de ser livre e feliz, o ser humano comete certas loucuras, achando que vai se dar bem sempre. Como não me considero acima do bem e do mal, também sou susceptível a falhas e confesso que me deixei levar pelo excesso de vaidade.
A vaidade faz com que sejamos sempre o centro das atenções, o último biscoitinho do pacote, a última coxinha a ser vendida que está exposta no balcão. Leva-nos a constante exibição a fim de obter palavras e comentários ilusórios que preenchem pseudo-espaços da auto-estima, mas se dissipam rapidamente ao se deparar com a realidade. Ai me dou conta que o último biscoitinho do pacote, a última gota d’água que sacia a sede se transforma na azeitona da empada que causou a azia após a refeição.
Na busca incessante por novas experiências que supostamente fariam esquecer a desilusão amorosa sofrida, dei vazão aos impulsos carnais, procurando extravasar sentimentos até então indefinidos dentro do coração. Estes sentimentos se tornaram uma mistura de angustia e êxtase que ao final não sublimaram na minha satisfação plena.
Nestas horas, inconscientemente acreditava que meus atos e caprichos ficariam impunes uma vez eu não tenho necessidade de propagar tudo que faço e ainda contava com o incentivo de alguns amigos. Entretanto, o martelo da consciência é impiedoso e cruel, cobrando e rememorando os erros cometidos. Embora reconheça que o prazer carnal é inexplicavelmente bom e gostoso, é infinitamente menor e irrelevante ao prazer de se estar em paz consigo mesmo, dentro do seu equilíbrio emocional.
Admito que me iludi com elogios mal intencionados daqueles que só buscavam momentos efêmeros de prazer e nada mais. Deixei-me levar pela vaidade, mascarando com justificativas do tipo elevação de uma auto-estima oscilante ou a descoberta de um mundo novo que se apresentava diante de mim. Tudo ocorreu em nome da vaidade, que, segundo o Diabo de Al Pacino, é um dos seus pecados favoritos. No fundo, sempre me frustrava porque de algumas dessas relações esperava continuidade, o algo a mais. Só que se o relacionamento começa pelo fim, como esperar o despertar que acontece no começo?
Hoje em dia estou em tratamento de reabilitação da minha conduta na busca do meu equilíbrio emocional. Sim, porque a vaidade exacerbada se assemelha a um vicio que deve ser erradicado. No inicio é muito difícil, passível de recaídas. Mas acredito que no final serei recompensada quando atingir o meu objetivo. Enquanto o tratamento não termina, conto com a ajuda de Deus, os anjos dos meus amigos e o meu próprio desejo de não mais desejar ser o último biscoitinho do pacote.